domingo, 25 de abril de 2010

Quem foi Florence?



Florence Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820 na cidade italiana de Florence, onde sua família de origem inglesa residia temporariamente. Educada pelo seu pai, aprendeu grego, latim, francês, alemão e italiano, história, filosofia e matemática. Quando tinha 16 anos, acreditou ter ouvido a voz de Deus conclamá-la para uma missão. Interessou-se então pela enfermagem.
Durante a guerra da Criméia, entre 1854 e 1856, integrou o corpo de enfermagem, ocupando o cargo de enfermeira-chefe do exército britânico. Como enfermeira, ela percebeu que a falta de higiene e as doenças matavam mais soldados do que a própria guerra. Através de gráficos, ela mostrou sua observação de forma clara aos generais e membros do parlamento, para que os mesmos pudessem compreender a situação.
Para reduzir a mortalidade nos hospitais de campanha, Florence procurou sempre deixar o ambiente arejado e limpo. Através disso, ela conseguiu reduzir a taxa de mortalidade em seu hospital militar de 42, 7 % para 2,2%.
Todas as noites, Nightingale fazia a ronda, carregando uma
pequena lamparina, parando para confortar ou cuidar dos pacientes, ficou assim conhecida entre os militares como a Dama da Lamparina. Sua lamparina tornou-se símbolo da enfermagem.
Em 1860, Florence funda a primeira escola de enfermagem no mundo. Tendo em Florence o marco da enfermagem moderna.

História da Enfermagem

A profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no decorrer dos períodos históricos. As práticas instintivas foram as primeiras formas de prestação de assistência. Sendo elas associadas ao trabalho feminino. Mas com o passar dos tempos, a cura passou a significar poder, dessa forma, o homem aliando conhecimento e misticismo apoderou-se dele.
As únicas referências acerca da enfermagem na antiguidade, estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e atuação, ainda pouco clara, de mulheres pertencentes a classe social mais elevada que prestavam atividades de assistência nos templos, junto com os sacerdotes.
A partir do século V a.C, com filósofos como Hipócrates, a prática de saúde passa a ser baseada essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico e na especulação filosófica.
As práticas de saúde monástica- medievais focalizavam a influência dos fatores sócio-econômicos e políticos, além da relação destas com o cristianismo. Essa época corresponde ao aparecimento da enfermagem, ainda como prática leiga, desenvolvida por religiosos.
Durante os movimentos renascentistas e Reforma Protestante, a enfermagem ficou enclausurada nos hospitais religiosos, permanecendo empírica e desarticulada durante muito tempo. Os hospitais naquela época eram locais insalubres, considerados depósitos de doentes.
Sob exploração deliberada, a enfermagem foi considerada um serviço doméstico, pela queda dos padrões morais que a sustentava, tornando-se indigna e sem atrativos para as mulheres de casta social mais elevada.
A partir da Revolução Industrial, e com o surgimento de alguns movimentos reformadores de iniciativa religiosa e social, tenta-se melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais.
Mas foi a partir de Florence e de suas idéias simples, mas inovadoras, que surge a enfermagem moderna.

A história da enfermagem está intrinsecamente ligada às práticas e percepções de saúde conforme as mudanças de pensamento do homem, portanto, é um processo dinâmico. Esse histórico trás de modo sucinto os principais fatos que ocorreram antes de Florence Nightingale.

domingo, 18 de abril de 2010

A mão que nunca falta


Podem faltar em nossa vida, um dia,
A mão do amor materno, que abençoa
E a mão do amor que acaricia.
Mas, resta sempre a mão paciente e boa
De alguém, que baixa despercebida:
- A mão que colhe a lágrima dolente,
- A mão que estanca o sangue da ferida,
- A mão que enxuga o suor da fronte ardente,
- A mão que toma a mão da vida...
Pode faltar em nossa vida, um dia,
A mão do amor materno que acaricia.
Mas, resta sempre a mão paciente e boa,
A mão útil de uma íntima estrangeira:
A mão piedosa e sábia de uma enfermeira.

Autor Desconhecido.

sábado, 17 de abril de 2010

4. Idade Contemporânea: Da Determinação Social à Multicausalidade

No contexto da economia política estão ligadas doutrinas que buscavam justificar e regular a ordem que se estabelecia (doutrinas liberais) e teorias que a condenavam (teorias socialistas). No primeiro caso, Adam Smith, considerava o trabalho como elemento essencial para o crescimento da produção e do mercado. Para tanto, buscaria novas técnicas, aumentando a qualidade e baixando ao máximo os custos da produção. O consequente decréscimo do preço final favorecia a lei natural da oferta e da procura.
Os teóricos socialistas se dividiam em dois grupos distintos: os socialistas utópicos, que procuravam conciliar numa sociedade ideal os princípios liberais e as necessidades emergentes do operariado. E os anarquistas que pregavam a suspensão de todas as formas de governo, defendendo a liberdade geral.
Em meio as condições objetivas de existência, o desenvolvimento teórico das ciências sociais permitiu, no final do século XVIII, a elaboração de uma teoria social da medicina. O ambiente, origem de todas as causas de doenças, deixa, momentaneamente, de ser natural para revestir-se do social. É nas condições de vida e trabalho do homem que as causas das doenças deverão ser buscadas.
Com a derrota dos movimentos revolucionários, a Medicina Social, praticamente, teve seu desenvolvimento retardado.
As descobertas bacteriológicas ocorridas na metade do século XIX irão deslocar de vez as concepções sociais, restabelecendo com redobrada força o primado das causas externas representadas por partículas que podem provocar o aparecimento de doenças. A questão da causalidade fica explicitada em termos bem mais simplificados: para cada doença existirá um agente etiológico.
Essa formulação unicausal só fica evidente no inicio do século XX, quando dará o retorno às concepções multicausais.
No período após a II Guerra Mundial, começou a haver uma transição epidemiológica muito marcante, que se expressa, em termos proporcionais, na tendência à diminuição das doenças infecciosas e ao aumento das doenças crônico-degenerativas na morbi-mortalidade. Observa-se o rápido desenvolvimento da estatística, aliada ao surgimento da informática, possibilitando a realização de grandes estudos, com uma variabilidade de dados, onde são analisados muitos fatores de risco. Em termos resumido, este é o cenário do nascimento da multicausalidade moderna.
O modelo de “determinação social da doença” é uma retomada das abordagens sociais da epidemiologia. Seu ressurgimento se dá na década de 60, em meio a crise econômica, visando a diminuição do gasto social do Estado capitalista com os altos custos e baixa eficácia da medicina curativista e hospitalar.

Fonte: GUTIERREZ, P.R; OBERDIEK, H. I. Concepções sobre a saúde e a doença. In: ANDRADE, S.M.; SOARES, D.A; CORDONI JUNIOR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel,2001. P. 22-28.

3. Idade Moderna: O Avanço da Clínica e dos Conceitos de Causalidade


O Renascimento foi um movimento de oposição à conduta dominante peculiar à Idade Média, resultando em várias mudanças que repercutiram em todos os aspectos da vida social, inclusive a ciência.
No Renascimento Cultural enfatizava-se uma cultura laica, racional e científica, baseados na cultura Greco-romana. Em meio a essas mudanças surgem alguns cientistas de renome como Nicolau Copérnico e Johann Kepler. Na medicina apontam Miguel Servet e Willian Harvey, que descobriram o mecanismo da circulação sanguínea, André Vesálio que se transformou no pai da anatomia moderna, e Ambroise Paré considerado Pai da Cirurgia. Segundo autores, Paré foi o responsável pelo uso de bálsamo no tratamento de ferimentos por arma de fogo, no lugar da cauterização por óleo fervente, e pelas ligaduras dos vasos sanguíneos nas amputações ao invés do emprego do cautério.
Nessa época ocorriam diversas doenças epidêmicas, e vários estudiosos buscavam uma maneira de explicar sua ocorrência. Para o médico italiano Girolamo Fracastoro, o contágio ocorria por contato direto de pessoa para pessoa, por agentes intermediários, como fômites; ou a distância, através do ar.
A Teoria Miasmática também surge nesta época para explicar a ocorrência das epidemias, sendo ela seguida por diversos cientistas. Contudo, esta teoria foi prevalente até o aparecimento da bacteriologia, na metade do século XIX.
Durante o século XVIII, os estudos médicos voltam-se para a compreensão do funcionamento do corpo humano e das alterações anatômicas sofridas durante a doença. O estudo das causas cede lugar à prática clínica.

Fonte: GUTIERREZ, P.R; OBERDIEK, H. I. Concepções sobre a saúde e a doença. In: ANDRADE, S.M.; SOARES, D.A; CORDONI JUNIOR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel, 2001. P. 14-22

2. A Idade Média: O Feudalismo e a Prática Médica Religiosa


Os historiadores consideram que a Antiguidade termina em torno de 476 a. C. com a invasão do Império Romano do Ocidente pelos bárbaros e com ela o regime de escravidão dos povos. É o inicio da Idade Média Medieval.
A nova sociedade estrutura-se em duas classes sociais: os senhores e os servos, estes últimos eram obrigados a prestar serviços em troca do uso das terras e proteção militar.
O pensamento religioso monopolizado pela Igreja Católica era a instância ideológica dominante, inclusive sobre as concepções de saúde e doença, e as respectivas práticas médicas. Cabendo a igreja o cuidado do corpo e da alma.
A ocorrência das doenças tinham duas interpretações: para os pagãos eram conseqüência de feitiçarias, e para os cristãos as doenças eram sinais de purificação e da expiação dos pecados.
A lepra é considerada como a grande praga da Idade Média. A doença assumiu grandes proporções, provavelmente, devido aos deslocamentos populacionais ocorridos nas Cruzadas. Além dessa doença, outras epidemias assolaram na Idade Média, como a peste bubônica, varíola, difteria, sarampo, influenza, tuberculose, antraz,...
No final do período, com o aumento dessas epidemias, retorna-se a questão da causalidade das doenças. Admitia-se, em geral, ser a peste uma doença comunicável que atingia pessoas predispostas. Acreditava-se que alguma alteração atmosférica poderia, se fosse inalado, produzir uma doença.
O fim do modo da produção feudal na Europa Ocidental foi marcado por um conjunto de revoluções sociais importantes, que acabaram em determinar uma nova forma de produzir e viver em sociedade, o capitalismo.

Fonte: GUTIERREZ, P.R; OBERDIEK, H. I. Concepções sobre a saúde e a doença. In: ANDRADE, S.M.; SOARES, D.A; CORDONI JUNIOR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel,2001. P. 10-14

1. A Cultura Clássica Grega e as Raízes da Medicina Ocidental


Foi entre grandes civilizações, como Índia e Egito, que surgiu a civilização grega. Ela teve muita influência em diversos campos na chamada civilização ocidental, ou seja, européia. É que o Império Romano, que “colonizou” toda a Europa, “herdou” da Grécia parte de sua cultura e difundiu.
Um dos processos culturais difundidos foi o conhecimento do processo saúde- doença. Os gregos procuravam uma explicação racional para as doenças , fundamentando o que vem a ser chamado de “medicina científica”.
Já nos séculos VI ao IV a.C. eles descartaram os elementos mágico-religiosos como causadores das doenças. Os gregos mais importantes foram Alcmeón de Crotona, e Hipócrates de Cós, considerado o pai da Medicina Científica.
Havia duas linhas na medicina grega. A primeira dizia que as doenças diferentes podem ter causas e sintomas iguais. Os defensores desta linha preconizavam a terapêutica intervencionista localizada nos exames diretos nos doentes. A segunda linha valorizava mais o prognóstico, onde as doenças eram vista dentro do quadro de cada indivíduo. A terapêutica era apoiada nas reações defensivas naturais, pois, segundo essa concepção, não havia doenças, mas doentes. Esta segunda linha é a hipocrática, pois foi Hipócrates seu fundador e defensor.

Fonte: GUTIERREZ, P.R; OBERDIEK, H. I. Concepções sobre a saúde e a doença. In: ANDRADE, S.M.; SOARES, D.A; CORDONI JUNIOR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel,2001. P. 08-10.

CONCEPÇÃO SOBRE A SAÚDE E A DOENÇA

Desde os primórdios da humanidade o contexto de saúde e doença já fazia parte do cotidiano das pessoas.
Inicialmente, os seres humanos viviam em tribos nômades, e se deslocavam a vários lugares em busca de alimentos ou para fugir de algum fenômeno que ameaçava sua sobrevivência (como o clima). Esses deslocamentos fizeram com que essas tribos adquirissem novos hábitos alimentares, bem como instrumentos de defesa contra animais ferozes.
Nessas circunstâncias, o que acontecia com os homens primitivos era explicado sob o ponto de vista místico. Por exemplo, a chegada do inverno trazia a falta de determinados alimentos, a este fato era atribuída aos deuses que sopravam o vento frio porque estavam irados com determinados comportamentos ou atitudes dos homens. Caso se alguém morresse de frio, por falta de alimentos ou doença, essa era a vontade destes deuses que se cumpria.
No decorrer dos séculos ou milênios, as tribos ou agrupamentos foram se espalhando por diversas regiões do mundo, e foram criando as diversas tradições. O ser humano se diversificou de tal modo que criou distintas culturas para lidar com a questão de saúde/doença.
As civilizações mais antigas surgiram em torno dos grandes rios, como, por exemplo, no Egito, na Mesopotâmia, na índia e China. Em torno destes rios a terra era fértil, assim, observando o ciclo de diversas plantas, o homem começou a cultivar a terra.
A medida que cultivavam a terra, deixavam de ser nômades, continuando com a pecuária, pesca, criando metalurgia e o posteriormente o comércio. Com isso houve o aumento do volume de trabalho, e foi preciso escravizar povos vizinhos e/ou inimigos.
As grandes civilizações, como Hebreus, Caldeus e Assírios, viam a doença como causa externa, sem que o organismo tivesse participação com o processo. Nesses povos desenvolveu-se instituições de assistência aos enfermos conhecidas como hospital. Este modelo foi copiado pelas civilizações européias e chegou até os nossos dias.
Nos hospitais primitivos dessas culturas chegaram a realizar cauterização das picadas de cobras e insetos venenosos. As operações cirúrgicas que os Hebreus realizavam são mencionadas no Velho Testamento, que são a circuncisão e a castração. A primeira era ato obrigatório a todo homem nascido judeu, enquanto que a segunda era tida como uma condenação.
Com o advento do Cristianismo há um redirecionamento das formas de pensar as causas das doenças. Seja considerando o pecado como responsável pelos males físicos, ou a introdução de um mau espírito que domina o corpo e a alma.
Apesar das concepções do cristianismo, os povos do Oriente Médio, em geral, já desenvolviam todo um arsenal de observações e práticas empiristas. Para eles a doença era vista em conseqüência de um desequilíbrio entre os elementos, chamados de humores, que compõem o organismo humano. A causa do desequilíbrio era posta no ambiente físico, como influência dos astros, do clima, insetos... Nesta concepção o organismo participa de modo ativo no processo saúde/doença.

Fonte: GUTIERREZ, P.R; OBERDIEK, H. I. Concepções sobre a saúde e a doença. In: ANDRADE, S.M.; SOARES, D.A; CORDONI JUNIOR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel,2001. P. 05-08.