sábado, 17 de abril de 2010

4. Idade Contemporânea: Da Determinação Social à Multicausalidade

No contexto da economia política estão ligadas doutrinas que buscavam justificar e regular a ordem que se estabelecia (doutrinas liberais) e teorias que a condenavam (teorias socialistas). No primeiro caso, Adam Smith, considerava o trabalho como elemento essencial para o crescimento da produção e do mercado. Para tanto, buscaria novas técnicas, aumentando a qualidade e baixando ao máximo os custos da produção. O consequente decréscimo do preço final favorecia a lei natural da oferta e da procura.
Os teóricos socialistas se dividiam em dois grupos distintos: os socialistas utópicos, que procuravam conciliar numa sociedade ideal os princípios liberais e as necessidades emergentes do operariado. E os anarquistas que pregavam a suspensão de todas as formas de governo, defendendo a liberdade geral.
Em meio as condições objetivas de existência, o desenvolvimento teórico das ciências sociais permitiu, no final do século XVIII, a elaboração de uma teoria social da medicina. O ambiente, origem de todas as causas de doenças, deixa, momentaneamente, de ser natural para revestir-se do social. É nas condições de vida e trabalho do homem que as causas das doenças deverão ser buscadas.
Com a derrota dos movimentos revolucionários, a Medicina Social, praticamente, teve seu desenvolvimento retardado.
As descobertas bacteriológicas ocorridas na metade do século XIX irão deslocar de vez as concepções sociais, restabelecendo com redobrada força o primado das causas externas representadas por partículas que podem provocar o aparecimento de doenças. A questão da causalidade fica explicitada em termos bem mais simplificados: para cada doença existirá um agente etiológico.
Essa formulação unicausal só fica evidente no inicio do século XX, quando dará o retorno às concepções multicausais.
No período após a II Guerra Mundial, começou a haver uma transição epidemiológica muito marcante, que se expressa, em termos proporcionais, na tendência à diminuição das doenças infecciosas e ao aumento das doenças crônico-degenerativas na morbi-mortalidade. Observa-se o rápido desenvolvimento da estatística, aliada ao surgimento da informática, possibilitando a realização de grandes estudos, com uma variabilidade de dados, onde são analisados muitos fatores de risco. Em termos resumido, este é o cenário do nascimento da multicausalidade moderna.
O modelo de “determinação social da doença” é uma retomada das abordagens sociais da epidemiologia. Seu ressurgimento se dá na década de 60, em meio a crise econômica, visando a diminuição do gasto social do Estado capitalista com os altos custos e baixa eficácia da medicina curativista e hospitalar.

Fonte: GUTIERREZ, P.R; OBERDIEK, H. I. Concepções sobre a saúde e a doença. In: ANDRADE, S.M.; SOARES, D.A; CORDONI JUNIOR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel,2001. P. 22-28.

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